segunda-feira, 28 de junho de 2010

Operação PERBRA IV






Fonte e fotos: CECONSAER

Aeronaves no céu, desafio em terra

O principal objetivo da PERBRA IV de 21 a 25 de junho em Cruzeiro do Sul (AC) é fortalecer a parceria entre o sistema de defesa aérea do Brasil e do Peru. A operação simula aeronaves em tráfego irregular que saem do espaço aéreo de um país para outro.

Quando uma aeronave em tráfego irregular está saindo do Peru em direção ao Brasil, por exemplo, as autoridades brasileiras são informadas antes mesmo do alvo cruzar a fronteira. O mesmo acontece que quando o alvo faz a rota inversa.

Além do desafio de proteger o próprio espaço aéreo, a PERBRA IV traz o desafio de operar de forma combinada com outro país. Durante a operação, o Comando de Defesa Aeroespacial (CODA), do Brasil, e o Comando de Control Aeroespacial (COMCA), do Peru, precisam atuar juntos para simular o que fariam em uma situação real.

No Brasil, as operações são monitoradas pelo radar do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) de Cruzeiro do Sul e controladas pelo Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) , de Manaus. A coordenação das interceptações acontece a partir do CODA, em Brasília, subordinado ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA).

Eu agradeço ao profissionalismo de todos os envolvidos nesta Operação”, disse o Brigadeiro Machado. Segundo ele, é do interesse brasileiro integrar-se com os seus vizinhos e os resultados têm sido positivos. “Eu estava em Brasília coordenando esta operação e ficamos satisfeitos com a integração alcançada”.

Durante a PERBRA IV foram realizadas 16 missões de defesa aérea. Caças A-29 Supertucano, da FAB, e A-37B Dragonfly, da FAP, fizeram interceptações dos aviões-alvo C-98 e C-26. Os comandos de controle do espaço aéreo dos dois países também participaram ativamente, com a transferência do tráfego ilícito simulado.

A reunião final da PERBRA IV aconteceu na sede da Quarta Região Aérea Territorial (RAT IV) da Força Aérea do Peru, com sede em Pucallpa. O debriefing teve ainda a presença do Teniente General Jaime Figueroa Olivos, comandante de Operações da Força Aérea do Peru.

Essa foi a quarta edição da operação PERBRA, também realizada em 2002, 2006 e 2008. Exercícios semelhantes já aconteceram também com a Colômbia (COLBRA), Argentina (PRATA), Paraguai (PARBRA) e Venezuela (VENBRA). Em agosto, acontecerá a BOLBRA, em conjunto com a Bolívia.

Tenente Adriana: primeira aviadora da FAB a realizar uma missão internacional

Sete anos após o pioneiro ingresso da primeira turma de mulheres no quadro de oficiais aviadores da Força Aérea Brasileira, elas continuam a romper barreiras e conquistar espaço em diversos esquadrões aéreos. Durante a Operação PERBRA IV, a Tenente Adriana Gonçalves tornou-se a primeira aviadora da FAB a realizar uma missão internacional.

Essa experiência foi nova pra mim. Foi um bom aprendizado pousar em outro país, ser interceptada, treinar o inglês”, disse a Tenente Adriana. Na operação, ela comanda aeronaves C-98 Caravan como avião-alvo para o exercício de defesa aérea. Conforme o planejamento do exercício, em todos os voos seu avião é interceptado e pousa em Cruzeiro do Sul (AC) ou em Pucallpa, no Peru.

Essa foi a primeira vez que a Tenente Adriana voou missões de treinamento de defesa aérea. A rotina do seu esquadrão, o 7° ETA, é bastante diferente. Equipados com aviões C-97 e C-98, a unidade voa missões de transporte na região norte do país. “Eu vibro muito em falar da missão do nosso Esquadrão. Nós fazemos muitas missões na região Amazônica. É muito gratificante”.

Hoje, a FAB têm 18 oficiais aviadoras em unidades de transporte, patrulha, busca e resgate, instrução aérea e caça. Assim como os homens, para chegar até as unidades aéreas elas cursaram a Academia da Força Aérea, em Pirassununga (SP), durante quatro anos.

Missão: ser o alvo

Uma operação de defesa aérea precisa de radares, caças e alvos. Na operação PERBRA IV, a Força Aérea Brasileira confiou essa missão ao 7° Esquadrão de Transporte Aéreo (7° ETA), que está em Cruzeiro do Sul (AC) com duas aeronaves C-98 Caravan.

As tripulações do Esquadrão Cobra, como é chamada a unidade, dizem que não é tão confortável saber que está sendo seguido de perto por um caça, mas sabem que este é um papel importante no exercício. “Ser alvo nunca é bom, mas é bom contribuir com o treinamento dos caçadores. A gente sabe que, se for necessário, eles vão nos proteger”, disse a Tenente Adriana Gonçalves, piloto de C-98.

Durante as interceptações, os Caravan são acompanhados de perto pelos caças A-29 e A-37. “É um vôo muito diferente do que fazemos, mas sabemos que há as regras de segurança. Para nós é uma experiência mais”, explicou.

Mas essa não é a primeira vez que os exercícios de combate entram na história do Esquadrão Cobra. Nos anos 90, a unidade teve esquadrilhas equipadas com aviões AT-27 Tucano nas Bases Aéreas de Boa Vista e Porto Velho. A experiência levou à criação dos Esquadrões Escorpião e Grifo, que hoje voam aeronaves A-29 Supertucano na proteção do céu da Amazônia.

Atualmente, o Esquadrão Cobra é equipado com os C-98 Caravan e C-97 Brasilia. A unidade, baseada em Manaus, cumpre diversas missões de transporte por toda a região amazônica.